Fundos de Infraestrutura no Brasil: oportunidade para investidor de longo prazo

07/05/2024

Fundos de Infraestrutura no Brasil

Raquel Fraga, Coordenadora dos cursos de Pós & MBA da FIPECAFI.


Os fundos de infraestrutura (FI-INFRA) no Brasil têm desempenhado um papel crucial no desenvolvimento econômico e social por meio do direcionamento de investimentos para setores vitais como transporte, energia e saneamento básico. Esses fundos se destacam como uma opção atrativa para investidores que buscam não apenas retornos financeiros, mas também contribuir para o progresso socioeconômico do Brasil.

Os FI-INFRA são fundos de investimento negociados em bolsa que direcionam recursos para projetos de infraestrutura por meio de instrumentos de renda fixa, especialmente debêntures incentivadas. É possível investir nesses ativos de duas maneiras: no mercado primário por meio de IPOs ou follow-on, e no mercado secundário, negociando cotas já existentes.

Uma das principais vantagens dos FI-INFRA para os investidores é a isenção de imposto de renda sobre os proventos distribuídos por esses fundos, bem como sobre os ganhos de capital obtidos com a venda das cotas no mercado secundário. O acesso a dívidas de longo prazo, viabilizado por esses fundos, também permite aos investidores explorarem prêmios de risco diferenciados em relação aos oferecidos por instrumentos de renda fixa mais tradicionais, como CDB, LCA, LCI e debêntures não incentivadas.

Nos últimos anos, observou-se um crescimento significativo na emissão de debêntures incentivadas, que são os ativos adquiridos pelos FI-INFRA. Esse aumento reflete a importância crescente desses instrumentos como fonte de financiamento para projetos de infraestrutura, especialmente em momentos em que a situação fiscal do país limita o financiamento direto via bancos públicos e de desenvolvimento, como o BNDES.

A busca por instrumentos isentos de imposto de renda por parte de investidores pessoa física também tem sido impulsionada por mudanças recentes nas regras de emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e debêntures incentivadas.

Apesar do contexto econômico volátil em relação à inflação, taxas de juros e spread de crédito, os fundos de infraestrutura têm apresentado um desempenho notável nos últimos anos, impulsionado pelo crescente interesse dos investidores em buscar bons retornos ajustados ao risco e à inflação e isentos de imposto de renda.

No entanto, é importante ressaltar que a volatilidade das debêntures incentivadas em janelas de curto prazo pode impactar as cotas dos FI-INFRA que investem nesses ativos, evidenciando a sensibilidade desses fundos ao contexto macroeconômico do país. Portanto, os investidores devem estar cientes dos riscos e das oportunidades associadas aos investimentos em fundos de infraestrutura e manter uma abordagem de longo prazo em suas estratégias de investimento.

Autora: Raquel Fraga, coordenadora dos cursos de Pós & MBA da FIPECAFI.

 

Fonte: Grana