Resultado da Selic pode ser impactado pelas enchentes do RS, fissuras do Arcabouço Fiscal.

10/05/2024

Resultado da Selic pode ser impactado pelas enchentes do RS, fissuras do Arcabouço Fiscal e pressão por mais gastos, alerta especialista da Fipecafi

Copom reduz taxa básica de juros de 10,75% para 10,50% ao ano; política deve se manter contracionista para deter inflação

 

Nesta quarta-feira (08), o COPOM anuncia a atualização do patamar da Selic, que hoje está em 10,75%. Desde a última reunião, as expectativas se deterioraram e o que parecia um corte certo de 0,5% há pouco mais de um mês, hoje pende mais para um corte de 0,25%, de acordo com o especialista da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Hudson Bessa.

O especialista em Estratégias Financeiras, Finanças Corporativas e Mercado Financeiro da Fipecafi explica que, neste período, o Arcabouço Fiscal sofreu fissuras com a aprovação de uma antecipação de quase R$ 16 bilhões e a redução da meta de superávit fiscal de 2025, de 0,5% para 0%, o que abalou a credibilidade do Governo em relação ao equilíbrio das contas e a estabilização da relação dívida/PIB. “Pesa a favor ainda para uma redução do ritmo dos cortes, o aumento da estimativa, Relatório Focus, de inflação para 2025”, ressalta.

Embora já estivessem no radar, o especialista ainda ressalta que o baixo nível de desemprego e a expansão da renda continuam pressionando a inflação. Investimentos produtivos também se expandem, mas em ritmo mais controlado, com reflexos positivos sobre o crescimento do PIB. Estes fatores, contudo, já eram conhecidos e não deveriam pesar por si só em uma possível redução no ritmo dos cortes.

“As taxas de juros americanas devem permanecer no patamar atual, contudo, este fator também já era esperado. Apesar de alguns sinais difusos do FED. Por fim, as enchentes no Rio Grande do Sul devem ter impactos negativos sobre a inflação e devem ser analisadas com cuidado”, analisa.

Bessa ainda comenta que com a Política Fiscal expansionista e as seguidas manifestações do presidente da república defendendo mais gastos, o que é mais grave em ano de eleições, resta pouca alternativa ao BC a não ser reduzir o ritmo de cortes da Selic.

“Vale ressaltar, que os sinais de que as taxas de juros americanas permanecerão altas por mais tempo do que o estimado, eleva o piso até o qual a taxa brasileira pode ceder”, finaliza o especialista em Estratégias Financeiras, Finanças Corporativas e Mercado Financeiro da Fipecafi, Hudson Bessa.


Fonte: Jornal dia a dia