Plano Marshall não é modelo para reconstrução do RS, explica especialista

03/06/2024

Em entrevista à CBN, o economista, professor e colunista do Valor Investe, Hudson Bessa analisa fala do governador Eduardo Leite e ressalta complexidade de estimar montante necessário para reconstruir estado.


Em meio à tragédia provocada pelas chuvas no Rio Grande do Sul, o governador, Eduardo Leite (PSDB), afirmou que estado precisará firmar um projeto como o "Plano Marshall", um programa de ajuda econômica dos Estados Unidos aos países europeus aliados na Segunda Guerra Mundial. No entanto, especialistas acreditam que plano norte-americano não se encaixa no caso do estado.

Em entrevista ao Ponto Final, o economista, professor do Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI), e colunista do Valor Investe Hudson Bessa explica por que o Plano Marshall, sugerido pelo governador, não é o projeto adequado para se inspirar na reconstrução do Rio Grande do Sul, e acredita que só será possível estimar perda total do estado quando águas baixarem.

Bessa afirma que Eduardo Leite errou ao sugerir o Plano Marshall como inspiração para a reconstrução do Rio Grande do Sul. Segundo ele, o cenário da Europa após Segunda Guerra Mundial é completamente diferente da atual situação no estado.

"Plano Marshall, quando começou, primeiro, que não foi nada que apareceu sem ninguém esperar, tinha uma guerra, a guerra foi chegando ao fim, países como Inglaterra e França começaram a fazer planos de reconstrução. Quando a guerra acabou, passados alguns anos, veio o Plano Marshall e já tinha um conjunto de planos, e com o apoio dos Estados Unidos, tanto financeiramente quanto em logística, como em planejamento, em coordenação, teve a reconstrução da Europa. A gente não tem essa situação aqui, aconteceu e não tem plano", declarou.

O especialista também destacou que acredita ser possível estimar os danos reais no Rio Grande do Sul somente quando as águas baixarem completamente, permitindo uma visão completa da extensão da tragédia.

"Eu, sinceramente, eu volto a falar, eu acho que a gente vai descobrir muita coisa, muita coisa ainda, muita coisa, infelizmente a tamanho da desgraça, da tragédia, a gente vai ver quando as águas baixarem."